Brega é um adjetivo
muito peculiar e relativo. O que é brega hoje pode não ser amanhã e vice e
versa.
Quando eu era
criança vivi numa rua que 90% dos moradores eram mineiros. Todas as mães eram
muito prendadas e além dos maravilhosos bolos, faziam milhares de toalinhas de
crochê para colocar em todos os cantos imagináveis da casa com qualquer tipo
bibelô por cima. Aprendi que aquilo era uma coisa brega, muito brega. Mas cá entre nós, sempre achei as tais
toalinhas bonitinhas. Pra mim, o grande problema delas era seu emprego . Um dia
desses, vi uma ideia super legal:
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Veja aqui o passo-a-passo do lustre |
Isso me despertou a
seguinte questão: Afinal, o que é brega? Quem define isso? No fim das contas,
depois de escrever várias respostas cheguei a conclusão que isso não interessa,
o que interessa é ser feliz e ponto final. Aprendemos que isso não se usa com
aquilo, ou que não se usa de maneira nenhuma - é brega! Então eliminamos aquela
possibilidade nos limitando com aquilo que é permitido e quando vemos que
alguém ultrapassou esse preconceito e
empregou a tal coisa de maneira nova e que ainda o resultado ficou bacana,
pensamos: "Por que não pensei nisso antes?"
Um dia desses me
encontrei com os tijolos de vidro. Quando criança (novamente memórias da
infância) eu tinha um caso de amor com eles. Achava bonito aquele cubo
translúcido. Meus pais estavam construindo a nossa casa e acabei pegando um e
colocando em meu quarto. Usava a desculpa que era para amparar meus livros na
estante... Mentira! Eu achava bonito mesmo. Também tinha uns do tipo capelinha
que um dia enchi de água e coloquei uma batata dentro, pra ver o que ía
acontecer... virou um vaso na minha escrivaninha. Pois é, passado muito tempo,
aprendi que tijolo de vidro era o que tinha de mais brega em opção de
revestimento. Então, pra não errar, comecei a desprezá-los.
Pois não é que agora
me deparo com uma edificação do Oscar Niemeyer, o Antigo Banco Boavista, em
plena Presidente Vargas, onde ele usou com maestria esse material? Fazendo
curvas entre o pilotis, a parede de vidro parece se movimentar com uma leveza
que só sua transparência poderia proporcionar. Fiquei feliz, se ele usou, posso
ficar tranquila, não sou brega.
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Banco Boa Vista de Oscar Niemeyer - vi aqui |
Então, vamos ser
felizes e usar aquilo que a gente acha bonito sem preconceitos. Tudo vale a
pena se a alma não é pequena, como disse Fernando Pessoa.
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