quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Muito brega... Será?



Brega é um adjetivo muito peculiar e relativo. O que é brega hoje pode não ser amanhã e vice e versa.
Quando eu era criança vivi numa rua que 90% dos moradores eram mineiros. Todas as mães eram muito prendadas e além dos maravilhosos bolos, faziam milhares de toalinhas de crochê para colocar em todos os cantos imagináveis da casa com qualquer tipo bibelô por cima. Aprendi que aquilo era uma coisa brega, muito brega.  Mas cá entre nós, sempre achei as tais toalinhas bonitinhas. Pra mim, o grande problema delas era seu emprego . Um dia desses, vi uma ideia super legal:


Veja aqui o passo-a-passo do lustre

Isso me despertou a seguinte questão: Afinal, o que é brega? Quem define isso? No fim das contas, depois de escrever várias respostas cheguei a conclusão que isso não interessa, o que interessa é ser feliz e ponto final. Aprendemos que isso não se usa com aquilo, ou que não se usa de maneira nenhuma - é brega! Então eliminamos aquela possibilidade nos limitando com aquilo que é permitido e quando vemos que alguém  ultrapassou esse preconceito e empregou a tal coisa de maneira nova e que ainda o resultado ficou bacana, pensamos: "Por que não pensei nisso antes?"

Um dia desses me encontrei com os tijolos de vidro. Quando criança (novamente memórias da infância) eu tinha um caso de amor com eles. Achava bonito aquele cubo translúcido. Meus pais estavam construindo a nossa casa e acabei pegando um e colocando em meu quarto. Usava a desculpa que era para amparar meus livros na estante... Mentira! Eu achava bonito mesmo. Também tinha uns do tipo capelinha que um dia enchi de água e coloquei uma batata dentro, pra ver o que ía acontecer... virou um vaso na minha escrivaninha. Pois é, passado muito tempo, aprendi que tijolo de vidro era o que tinha de mais brega em opção de revestimento. Então, pra não errar, comecei a desprezá-los.
Pois não é que agora me deparo com uma edificação do Oscar Niemeyer, o Antigo Banco Boavista, em plena Presidente Vargas, onde ele usou com maestria esse material? Fazendo curvas entre o pilotis, a parede de vidro parece se movimentar com uma leveza que só sua transparência poderia proporcionar. Fiquei feliz, se ele usou, posso ficar tranquila, não sou brega.

Banco Boa Vista de Oscar Niemeyer - vi aqui

 Então, vamos ser felizes e usar aquilo que a gente acha bonito sem preconceitos. Tudo vale a pena se a alma não é pequena, como disse Fernando Pessoa.

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